domingo, 14 de fevereiro de 2016

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Symphony No. 13 in B flat minor - "Babi Yar"

Ouvi por três vezes consecutivas este disco - sem mencionar as audições avulsas. Temos aqui uma obra-prima, típica do gênio sarcástico de Shostakovich; obra que exprime a sua capacidade de condensar dramas e tragédias diuturnas que pululavam no seio do aparelho estatal soviético. A inteligência invulgar de Shostakovich era capaz de, ousadamente, fazer severas críticas ao Regime. E como acontece a maior parte das vezes nas censuras, a arte consegue ser superior à ignorância; consegue sublimar-se, transfigurar-se em matéria superior àquela vivida e engendrada pelos totalitarismos. Babi Yar é uma pequena localidade situada em uma região de Kiev, capital da Ucrânia. Em 1941, os nazistas conquistaram o lugar e promoveram uma das piores chacinas coletivas da história. Em dois dias - 29 e 30 de setembro - fuzilaram aproximadamente 34 mil judeus. Nos dias que se seguiram, a hecatombe chegou a quase 200 mil. Embora isso acontecesse em pleno solo soviético, não houve protestos. Apenas o silêncio conivente. Quando o Estado soviético manifestou-se, deixou a entender que a carnificina cruel foi contra o povo soviético - o que não deixa de ser uma verdade. Acontece que o fato era claro, os nazistas mataram judeus. Colocaram-nos em filas. Fuzilaram-nos aos magotes. Apropriaram-se dos seus pertencentes - dinheiro, joias, objetos variados que redundassem em algum valor. O poeta russo Evgeny Yevtuchenko escreveu um poema em homenagem às vítimas de Babi Yar. Shostakovich transformou o poema em Sinfonia. É um dos trabalhos mais carregados de medo, sentimento de tragicidade e desolação já escritos. É uma Sinfonia com requintes de cantata fúnebre. A voz dolorosa, funesta, do baixo faz estremecer a esperança e o aspecto ensolarado de qualquer nuvem de otimismo. Trata-se de representação precisa dos horrores vividos pelas vítimas do morticínio. A obra estreou em 1962, sob a regência de Kiril Kondrashin. A interpretação de Petrenko é excelente! Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - 

Symphony No. 13 in B flat minor - I.- Babi Yar
Symphony No. 13 in B flat minor - II.- Humor
Symphony No. 13 in B flat minor - III.- In the Store
Symphony No. 13 in B flat minor - IV.- Fears
Symphony No. 13 in B flat minor - V.- A Career - Allegretto

Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Men's Voices of the Royal Liverpool Philharmonic Choir
and the Huddersfield Choral Society
Vasily Petrenko, regente
Alexander Vinogradov, baixo

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Um comentário:

Unknown disse...

Soy positivo,a pesar de una de las Sinfonias maaaaaaás oscuras y vesánicas del ruso-su director favorito,Eugenio,se negó a dirigirla.je-este cd naxos hace historia,gracias,Monstruo Carlinus.